Sedutor e inconstante. Como a vida.

 CHEGADO O OUTONO, quebrado o fio da vida, simplesmente se desprendem, de volta à natureza

 EM LOUVOR DAS ÁRVORES E DAS ÁGUAS LEVADAS

                                              Bosque de carvalhiços perto de Adsamo, Vouzela

 INVERNO

As árvores do meu bairro perderam o fogo do Outono. Ficaram os ramos, linhas suspensas do silêncio, e uns pequenos ouriços que o vento embala.

 PENEDO DURÃO

E agora apetece-me uma coisa limpa, de ares lavados, cheia de um grande silêncio e de uma grande paz.

 CAMINHOS

Uma metáfora da vida.

 ARTE EFÉMERA

O correr manso e leve de fios de água que o mar deixou sobre a matéria dúctil da areia.

 BÊNÇÃO

Poder pousar os olhos nestes montes,  onde a natureza tão sabiamente desenhou estas formas e derramou estas cores. Embeber-se no sossego, recobrar a paz.

 AS PEQUENAS COISAS

As pequenas coisas, discretas e sossegadas, pacientes, que dia após dia fazem e refazem o aconchego da nossa intimidade. Como esta a que, por um destes fins de tarde de Inverno, um raio oblíquo de sol concedeu, por instantes, a evidência de uma aura fugaz, que logo se apagou.

 NÉVOA

E veio a névoa, e sobre a terra de manso se estendeu, e com alva e húmida mortalha deixou cobertos os campos e as árvores e as casas e as demais coisas que a mão do homem afeiçoou.

INSTANTE PERFEITO 

 A água, o sol, o vento, as sombras derramadas. E o instante perfeito em que a harmonia se fez possível.