terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Pelo Natal um punho erguido

A paz não cai do céu
e a esperança não se realiza
se não a fizermos realizar.

Por isso
a mim
os votos de Natal,
tão piedosos,
(ia dizer
tão seguramente piedosos
mas retirei a tempo o advérbio)
parecem-me quase sempre
enjoativos,
a escorrer
os lugares comuns
das rotinas bem oleadas.
Mas ainda que sejam
piedosos,
sinceramente piedosos.
Só por si
a piedade é curta
se ao seu lado não estiver
presente a esperança
e mais do que a esperança
a vontade
de justiça
como uma mão pronta
para a luta.
Acredito na esperança
e sei que há-de realizar-se
um dia,
a esperança
da humanidade,
e nela
a esperança de cada um,
na exacta medida em que
não colida com a esperança
dos outros.

Por isso faço da esperança
um punho erguido.
Porque a paz não cai
do céu
e a esperança não se realiza
se não a fizermos realizar.

1 comentário:

celeste caleiro disse...

Gostei especialmente deste...
Mas gosto de todos e corro todos os teus blogs e surpreendo-me sempre com o tempo que lá passo e gosto de "reencontrar" o Pádua nas fotos a preto e branco...
Usámos um poema teu, aquele dirigido aos "excelentíssimos governantes", para motivar os colegas a aderirem à greve e à manif de 24 de Novembro. Foi uma maneira de contarmos contigo e animar os outros.Espero que não nos leves a mal...